Intolerância à lactose X Alergia à proteína do leite de vaca

23 de fevereiro de 2016

A INTOLERÂNCIA À LACTOSE é totalmente diferente de ALERGIA A PROTEÍNA DO LEITE DE VACA (APLV ). O intolerante pode consumir produtos que contém leite de vaca (em quantidades menores), já o alérgico não pode ingerir nem entrar em contato com a proteína do leite de vaca.

  • ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE DE VACA (APLV)

Alergia é uma reação do sistema imunológico a algo que ele considera estranho, no caso da APLV, a reação é contra as proteínas do leite de vaca.

O reconhecimento e o diagnóstico ainda são difíceis, uma vez que ainda não há um teste único ou combinação de exames para definição, sendo o diagnóstico na maioria das vezes realizado pelos sintomas clínicos.

Além disso, cada criança pode apresentar uma forma e intensidade diferente da APLV.

Os sintomas são variados e podem ser separados conforme o tipo de mecanismo imunológico.

Alergia NÃO mediada por IgE : (não há produção do Anticorpo IgE)

– Sangue e muco nas fezes

– Diarreia persistente

– Vômitos /regurgitações

– Refluxo gastroesofágico de difícil controle

– Baixo ganho de peso

– Distensão abdominal

– Cólicas abdominais intensas

– Irritabilidade extrema

– Assaduras recorrentes ou de difícil tratamento

Alergia mediada dor IgE (Reações Imediatas): (existe produção do Anticorpo IgE)

– Síndrome de alergia oral (fica vermelho ao redor da boca após contato com o leite)

– Anafilaxia gastrointestinal (vômitos e diarreia logo após ingerir leite)

– Urticária (manchas vermelhas na pele)

– Angioedema (incha os olhos e a boca)

– Rinite e conjuntivite alérgicas

– Choque anafilático

Alergia mista (há envolvimento dos dois mecanismos)

– Dermatite atópica

– Asma Brônquica

– Esofagite eosinofílica

O tratamento é NUTRICIONAL, portanto a proteína do leite de vaca deve ser excluída da dieta da criança por um período que pode variar de 6 meses a 5 anos, mas alguns poucos casos por mais tempo.

Atualmente são usados “leites especiais” para a substituição do leite de vaca, que são as fórmulas extensamente hidrolisadas ou à base de aminoácidos, sendo as únicas indicadas para uma dieta adequada em crianças com APLV. Quando o bebê mama leite materno, a dieta de exclusão é feita na mãe e o leite materno sempre deve ser mantido.

Algumas crianças APLV também reagem à proteína da soja e nesses casos, também deve ser retirada da dieta.

O importante é que a maioria das crianças melhoram, ou seja, se tornam tolerantes a proteína do leite de vaca, mas para que isso aconteça é necessário a exclusão da proteína alergênica da dieta por um tempo.

Os pais e a família das crianças com APLV precisam de apoio e informações claras, por isso, procurem um bom pediatra ou gastropediatra ou alergista pediátrico para acompanhar.

Seu filho precisa de uma consulta bem feita e de um profissional competente, atencioso e disponível, que explique sobre a alergia e esteja acessível para as dúvidas e intercorrências que poderão surgir.

  • INTOLERÂNCIA À LACTOSE

Intolerância à lactose é quando a pessoa não consegue digerir direito a lactose que é o açúcar do leite. Os sintomas variam desde dor abdominal até vômitos e diarreia após a ingestão de leite de vaca e derivados.

O diagnóstico é clínico através da avaliação dos sintomas, mas existem exames para comprovação.

Atualmente já está disponível no Brasil a lactase em forma de medicação, que é a enzima que digere a lactose, além do leite zero lactose e vários produtos sem lactose.

Daniela Mendonça, Médica Gastropediatra.