
Desde o nascimento dos filhos, um dos momentos mais esperados é o da primeira palavra – e que ela seja, de preferência, “mamãe” ou “papai”. Mas, sem saber, os pais podem atrapalhar o caminho natural da criança rumo à fala. Veja algumas dicas que vão ajuda-lo neste processo:
- Não repita a palavra errada
Um dos equívocos mais comuns dos pais é repetir a palavra errada que o filho disse antes de corrigi-lo. Por exemplo: se a criança disser “pato” em vez de “sapato”, os pais não devem dar respostas como “não é ‘pato’, é ‘sapato’”. A melhor opção é somente repetir a palavra correta: “Ah, você quer o sapato? A mamãe vai pegar o sapato para você”. Nunca dê o modelo errado. E dar as duas informações para a criança pode dificultar o desenvolvimento da linguagem.
- Evite o “mimimi”
Trocar as consoantes e abusar dos diminutivos, dizendo por exemplo: “qui nenê bonitinho da mãezinha” em vez de “que nenê bonito da mamãe”, também atrapalha o desenvolvimento da linguagem infantil. Ao conversar com os filhos que ainda não sabem o som correto das palavras, é melhor não usá-las sempre no diminutivo. O ideal é empregar o vocabulário adequado desde a chegada do bebê, já que ele está desenvolvendo a fala durante os primeiros anos de vida.
- Não use palavras substitutas
Falar sempre corretamente com a criança é a melhor escolha que os pais podem fazer, embora às vezes pareça difícil. Falar errado ou substituir palavras por outras inexistentes, mas mais fáceis – como chupeta por “pepê” – pode parecer simples, mas não é. Como a palavra certa é outra, a criança tem que aprender duas vezes e também como a criança tende a se espelhar no adulto, se eles falarem errado, ela será influenciada.
- Não antecipe nem interrompa a criança
Quando a criança está com dificuldades para completar uma frase, não a apresse. É preciso deixá-la falar no tempo dela, e os pais não podem competir com isso. Se os pais se habituarem a antecipar o discurso, a criança sempre vai esperar que alguém fale por ela.
O problema se agrava na fase da gagueira, comum por volta dos três ou quatro anos de idade, nesta época costuma haver um aumento repentino do vocabulário e a elaboração mental não acompanha a elaboração motora. Ela acaba gaguejando, atropelando as palavras e as repetindo. Interromper as crianças o tempo todo também faz com que elas se estressem e fiquem inseguras para expressar seus pensamentos.
- Não aceite a linguagem gestual
Muitas crianças usam gestos para conseguir o que querem. A linguagem gestual pode ser uma ponte, mas deve ser superada. Se os pais sempre entregam ao filho um objeto simplesmente apontado, a criança se habitua e não aprende a pedir o que quer. Isso cria a substituição da linguagem oral pela gestual. Embora a criança ainda não fale, o pai deve explicar o que é aquilo. Por isso, no momento em que o filho apontar a mamadeira, é indicado que os pais digam: “Ah, você quer a mamadeira? Papai vai te dar a mamadeira”.
- Não permita chupeta ou mamadeira após os dois anos de idade
Permitir que a criança fale com a chupeta na boca atrapalha a pronúncia e dificulta o aprendizado. Estes hábitos causam um posicionamento incorreto e podem gerar até mesmo uma flacidez da língua.
- Não torne a palavra errada uma diversão para a família
Não raro, uma palavra falada errada soa tão divertida e engraçadinha que se torna um entretenimento familiar. Mas repetir demais a brincadeira pode trazer problemas. Prolongar por muito tempo uma forma de fala equivocada, dá aos pais, um prolongamento do tempo de infantilidade do filho. Quanto mais tempo isso prevalecer, mais complicado será corrigir.
- Fale na altura da criança sempre que possível
Recomenda-se aos pais ficar na mesma altura da criança ao se comunicar com ela. Abaixar para conversar e olhar no olho da criança é muito importante, para que ela tenha esse modelo visual. Poder observar os movimentos da boca do adulto colabora bastante para o desenvolvimento da fala infantil.
- Se necessário, procure ajuda
Cada criança tem um tempo de desenvolvimento próprio e isso também vale para a fala. Mas, existem alguns marcos que devem ser observados. A partir dos dois anos de idade a criança já deve ser capaz de dar um movimento ao diálogo, formando frases como “quer pão” ou “dá água”. Até os quatro anos e meio, a criança já deve conseguir usar a linguagem muito bem, explicando situações e articulando adequadamente todos os sons. Esta idade é o limite. Se a criança ainda tiver dificuldades depois deste período, é indicado procurar um profissional da área de Fonoaudiologia para fazer uma avaliação.
Como é possível estimular os pequenos para falar?
- Narre o mundo: Vá conversando com o pequeno, narrando cada detalhe do que você está fazendo. Se for um passeio no parque, aponte as árvores, a grama, os pássaros, nomeando-os.
- Dê atenção e espaço ao bebê: Passar um tempo se dedicando ao pequeno é importante para criar um ambiente emocional saudável e também para perceber o que a criança tem a dizer, mesmo sem usar as palavras. Não precisa ficar falando sem parar na frente do seu filho. O silêncio também é importante.
- Cante: Além da conversa, cantar para a criança é essencial. O som, a rima e o ato de cantar transformam a fala em brincadeira e isso ajuda no desenvolvimento da linguagem e do vocabulário.
- Leia histórias e poesias: As histórias estimulam a imaginação, aumentam o vocabulário e a curiosidade sobre a linguagem. Os poemas, por possuírem rimas, têm um ritmo e sonoridade acentuados, o que estimula a criança. Mas a leitura não pode ser mecânica. Coloque emoção e pontuação nas frases.
- Permita a convivência: Conviver com outras crianças é importante. As crianças se imitam, observam e isso gera uma experiência cheia de aprendizados.
- Criança aprende brincando: Tudo o que ele faz, porque ele procurou e foi atrás, vira brincadeira e gera mais aprendizado. Se o seu pequeno quer ler determinado livro, não insista com outro. Ajude-o a explorar o livro que escolheu. Basta prestar atenção para entender o que ele quer!
Fonte: Crescer