Câncer Infantil – desafios e orientações

8 de abril de 2016

O câncer afetava mais de 11 mil crianças e adolescentes em 2015 no Brasil, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer. Apesar de a doença ser muito temida e relacionada à morte, dados do INCA estimam quem em torno de 70% das crianças com câncer podem ser curadas, desde que diagnosticadas precocemente e tratadas em centros especializados. Passar pela difícil fase do tratamento, contudo, é algo que exige muito esforço e dedicação, tanto da família quanto da criança. Psicólogos e psiquiatras explicam como lidar com os principais desafios desse período com as orientações que você confere a seguir.

Como contar e explicar o câncer?

A severidade de um câncer e as sequelas decorrentes ao tratamento marcam a história da criança de maneira única. Mais cedo ou mais tarde, portanto, ela precisará saber o que está acontecendo, mas o momento ideal e a forma de abordagem dependem da idade e da personalidade de cada criança. A decisão de como e quando contar deve ser resolvida em conjunto: médico, família e psicólogo.

É aconselhável não deixar de responder sempre as perguntas que a criança fizer, pois o silêncio traz mais insegurança. A forma de contar pode ser diferente, mas é preciso sempre conversar e dizer a verdade, de modo que ela se sinta mais tranquila. Ela precisa compreender o que está vivendo e a importância de seu tratamento, até para que ela colabore mais com esse período.

Reação dos pais na frente da criança

A criança se espelha nos pais e se sente segura com eles. Por isso, a reação deles irá influenciar também a reação do filho diante do câncer. Chorar e ficar triste faz parte e não é preciso esconder isso da criança, mas é necessário estabelecer um limite para não viver todos os dias com aborrecimento. É muito importante que os pais procurem ter uma postura mais positiva, confiando de verdade no médico e no tratamento que o filho irá receber.

Pais que ficam ansiosos demais acabam deixando a criança angustiada – e isso pode até prejudicar a condição de saúde dela.

Reação de coleguinhas na escola

A ausência da criança por longos dias na escola e as mudanças físicas, sobretudo a queda de cabelo por conta da quimioterapia, podem gerar estranhamento dos colegas de classe. Por isso, pais e escola podem trabalhar juntos para preparar as crianças. O ideal é usar materiais apropriados para a idade desses alunos, explicando o que é câncer e como ele é tratado, sempre com uma linguagem bem acessível e lúdica.

Limitações da criança por causa do tratamento

Dependendo do tipo de tratamento contra o câncer, a criança ficará mais debilitada, sentindo cansaço e com outros efeitos colaterais. Diante disso, muitos pais tendem a superproteger o filho ou vê-lo como vítima. Essa atitude, porém, não é a mais saudável. Os pais devem acolher a criança com amor e ao mesmo tempo dar o espaço certo para que ela possa também se desenvolver e criar forças para conseguir vencer os desafios sem ser tão dependente. Um psicólogo pode orientar melhor os pais nessa tarefa.

Medo e tristeza da criança

O câncer pode dificultar a vida da criança de várias formas: mudando as atividades do dia a dia, dando limitações físicas e prejudicando a autoestima. Tantas mudanças negativas podem causar distúrbios de comportamento, isolamento social, sintomas de depressão, transtornos de humor, entre outros.

Para combater esses problemas, a criança precisa ter sempre tempo e incentivo para brincar e se divertir. Tentar fazer, no hospital, com que a criança sinta-se em um local agradável, com brincadeiras, contação de histórias e até escola para que ela não perca o aprendizado. Além disso, o acompanhamento de psiquiatras e psicólogos especialistas em Psico-oncologia é fundamental.

Hospitalizações por longos períodos

Algumas crianças precisam ficar dias e até meses internadas no hospital, dependendo do tipo de câncer. Procurar tornar esse ambiente mais agradável faz toda a diferença. Incentivar visitas frequentes de amigos e familiares é um dos principais pontos. Além disso, os pais podem levar brinquedos e outros objetos de casa para a criança se sentir mais confortável.

Mudança na rotina da família

Muitas vezes, um dos pais precisa até sair do emprego e mudar de cidade para conseguir acompanhar o tratamento do filho. Essa pessoa acaba ficando sem ver os outros filhos e familiares por muito tempo. Todos sofrem com essa desestrutura, mas é importante lutar para que o vínculo entre a família não se perca.

As especialistas orientam que os pais procurem manter a relação como casal durante o período de tratamento, lembrando sempre que eles têm um ao outro como apoio nessa fase. Os outros filhos também precisam ter atenção e carinho, principalmente se são crianças novas. Toda a família precisa permanecer firme e unida para que a criança em tratamento sinta-se mais acolhida e tenha melhor recuperação.

Fonte: http://www.magscan.com.br/blogmagscan/2016/02/15/dia-internacional-de-combater-ao-cancer-infantil/